sábado, 14 de março de 2009

NEM DEMOCRATAS, NEM COMUNISTAS...

...nem capitalistas, nem socialistas, nem qualquer religião ou filosofia escapa à exposição da fragilidade dos homens que se pretendem líderes ou condutores, materiais ou espirituais, que agem repetitivamente negando sua origem e fim, o ambiente e as experiências da vida neste planeta, neste país, nesta metrópole, neste bairro, nesta comunidade, nesta roça.

Discute-se “democracia” com exemplos sempre contaminados por decisões de estado e instituições, que resvalam na defesa do princípio básico do que seria uma sociedade democrática: o respeito humano, sempre discutido, enxovalhado, por insustentáveis variações ideológicas, hoje privilegiando o terrorismo e a força bruta.

Os comunistas que hoje se dizem democratas especializaram-se exatamente na intolerância e matança para anular o essencial humano: espírito e liberdade.

As instituições políticas, em toda parte, debatem-se por poder, mais poder e controle material, exibindo arsenais, associando-se com a indústria de drogas “lícitas” e “ilícitas” o que, no frigir dos ovos, servem para eliminar, esmagar, destruir vidas de “opositores”.

Os símbolos vitais, que desde os primórdios embalavam o inconsciente coletivo conduzindo os atos produtivos da civilização humana, sumiram do ambiente. Foram substituídos por “marcas”, “griffes”, rótulos do consumo e do desprezo à reflexão que antes precedia as escolhas, agora artificialmente atreladas a interesses globais.

As decisões que aprendemos a pesar, medir, contar, foram desestimuladas. Hoje vale tudo para fazer agora, ter tudo agora de modo voluntarioso e sem qualquer trabalho ou merecimento. O conforto, o prazer sem limites, o irracional, o desprezo às virtudes e a confusão entre matéria e espírito, tomaram forma do propagandeado comportamento abusivo. Instala-se o conflito quando se despreza a interdependência entre espírito e matéria.

Que a economia estatal centralizada e planejada pelos marxistas deu com os burros n’água nem “eles” mesmos discutem mais: apenas adotaram os mecanismos capitalistas e se debatem para conservar a ideologia que gerou o fracasso inegável de sua forma de governo. Maiores perdedores foram os povos, os trabalhadores.

Que a economia capitalista foi viciada e afastou-se dos princípios basilares – respeito humano e liberdade – do ideal democrático, mergulhando na perplexidade que hoje é vivida por todo o planeta, nem se discute.

Com todas as limitações e armadilhas institucionais da globalização, com toda a violência e virulência da propaganda dos estados nacionais, com todas as ferramentas hoje utilizadas para destruir o oponente, o que significa guerrear e matar pessoas, manter submissas populações inteiras em seu solo de nascimento, para assegurar à força as fontes de matéria prima, que alternativas restam?

Normas, flexibilidade, generosidade, sobrevivem distante dos centros de decisão e imposição do estado, sobrevivem onde se constrói e sobrevive passo a passo. Estão ausentes dos centros de poder, onde somente a gangorra da linguagem esotérica de economistas, estatísticos e “formadores de imagem”, imperam.

A confusão, o engodo, a mentira assumiram importância apocalíptica. Tudo é urgente. Mas a decisão não passa pelo crivo de quem objetivamente é alvo das escolhas de uns poucos encastelados nos postos de poder estatal. Um poder que parece divino. Um poder que parece onipresente, onipotente, onisciente. A globalização impera.

Um possível caminho equilibrado entre a razão e a emoção, seria decretar a falência das instituições e passar as decisões locais aos grupos menores. O inconsciente coletivo é sábio e promoveria, com o saber já acumulado nos altos centros de estudo, a restauração e utilização de cada espaço municipal, onde as pessoas podem, em muitos casos, exercitar na prática a democracia direta.

O pagamento pela transferência de tecnologia e saber acadêmico poderia ser feito com galinhas e tomates sem agrotóxicos. Assim os estelares e perfumados da cidade grande poderiam aprender que dependem das mãos grosseiras e do trabalho fedorento dos que produzem alhos, cebolas, frangos e porcos, alfaces e aspargos, gente como a gente, menos ambiciosa, atenta às normas da natureza, flexível diante das mudanças, gente generosa e ingênua, eternamente roubada.

As propostas federalistas em sua origem, atentam para uma forma de governo em que cada grupo, em cada bioma, em cada município é livre para tomar suas decisões e utilizar sua economia, no marco de normas que limitam a ação do estado. Deste modo podem ser afastados da cena os predadores. Líderes autênticos e experientes podem trabalhar pelo bem comum.

Resta saber se ainda existe capacidade e vontade, se ainda existe força no inconsciente coletivo para virar o jogo do estado totalitário em qualquer de suas versões. Virar o jogo do capimunismo e assumir a responsabilidade por escolhas refletidas, verdadeiras, civilizadas.

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