quarta-feira, 29 de abril de 2009

As contas internas nunca sairam da crise

Por Ricardo Bergamini, em 28/04/2009.

A situação das contas internas do Brasil nunca saíram da crise, apenas a orgia do excesso de liquidez internacional dos dólares falsos emitidos pelos Estados Unidos, para cobrir as guerras do Iraque e Afeganistão, encobriram durante 6 anos a nossa falência interna. Dessa armadilha o Brasil não sai tão cedo. Basta aguardar com paciência.

A sorte dos governantes de plantão no Brasil é que a sociedade brasileira é avessa aos números, gráficos e tabelas, mais ligada à masturbação mental ideológica, assim sendo prevalece à demagogia.

A maior prova do que digo é que a sociedade brasileira é pautada pela imprensa, que não faz jornalismo na redação, mas sim na tesouraria. Veja a imbecilidade coletiva brasileira reinante nos últimos dias debatendo histericamente os gastos com passagens dos políticos, sem nenhuma consideração sobre os gastos com passagens com os demais poderes, onde a orgia também existe. Entretanto a missão é desmoralizar o Congresso Nacional e com isso a Democracia. Dividindo e conflitando é mais fácil de reinar.

Cabe lembrar que os três poderes da República gastaram em 2008 com passagens a quantia de R$ 855.312.828,00 (oitocentos e cinqüenta e cinco milhões, trezentos e doze mil, oitocentos e vinte oito reais) e que o Congresso Nacional gastou R$ 106.134.583,00 (cento e seis milhões, cento e trinta e quatro mil, quinhentos e oitenta e três reais).

Para comprovar o meu argumento, basta ler as informações oficias da contabilidade governamental, conforme abaixo colocado, e comparar com que é divulgado pela imprensa (Diário Oficial). Desafio aos leitores me enviarem apenas uma única citação sobre o abaixo colocado.

Por deformação cultural dos brasileiros, nem mesmo o mais ferrenho opositor do governante de plantão utiliza essas informações em suas argumentações, mas somente masturbação mental ideológica.

De janeiro de 2003 até dezembro de 2008, o governo Lula obteve uma receita total de 27,24% do PIB (correntes e de capitais), tendo aplicado 31,56% do PIB (correntes e de capitais) como segue: 13,56% (Fazenda); 8,88% (Previdência Social - União e INSS); 1,80% (Saúde); 1,56% (Defesa); 1,30% (Educação); e 4,46% com as demais atividades da União, gerando déficit fiscal nominal de 4,32% do PIB.

De janeiro de 2003 até dezembro de 2008, apenas com Fazenda (R$ 1.837,4 bilhões, sendo R$ 739,3 bilhões relativos às Transferências Constitucionais e Voluntárias para Estados e Municípios); Previdência INSS (R$ 910,1 bilhões - com 22,4 milhões de beneficiários) e Custo Total com Pessoal da União - Civis e Militares - Ativos, Inativos e Pensionistas (R$ 648,9 bilhões - com 2.280.686 beneficiários) totalizando R$ 3.396,4 bilhões, comprometeram-se 91,93% das Receitas Totais (Correntes e de Capitais) no período, no valor de R$ 3.694,4 bilhões.

De janeiro de 2003 até dezembro de 2008 houve aumento das despesas totais (correntes e de capitais) de 1,85% do PIB em relação ao ano de 2002. Aumento real em relação ao PIB de 6,29%. Apesar do aumento global das despesas, devido ao aumento do número de Ministérios, houve redução real de algumas despesas importantes, tais como: Saúde (–2,70%); Defesa (-12,85%); Educação (–1,51%).

De janeiro de 2003 até dezembro de 2008 houve redução das receitas totais (correntes e de capitais) de 2,28% do PIB em relação ao ano de 2002. Redução real em relação ao PIB de 7,72%.

De janeiro de 2003 até dezembro de 2008 a União gerou um déficit fiscal nominal de R$ 586,6 bilhões (4,32% do PIB).

(Publicado originalmente na página do IF)

Um comentário:

  1. "Dividindo e conflitando é mais fácil de reinar." - esta frase tem a importância de seu significado. E vou repetir o que venho dizendo há muito tempo: ao jogar negros contra brancos, empregados contra patrões pobres contra ricos, o atual governo faz exatamente isso e se rejubila com a decadência do Congresso e Judiciário.

    Só que o povo, que garante votos a Luís Inácio, não percebe.

    Um abração, Ju

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