quarta-feira, 27 de maio de 2009

UMA ODISSÉIA PESSOAL

Por Judith Reisman

Em 1977, eu estava no País de Gales para apresentar um artigo de pesquisa sobre mulheres e pornografia na Conferência Internacional da Associação Psicológica Britânica sobre “Amor e Atração”, realizada na Universidade de Swansea.
Quando cheguei a Londres fiquei sabendo que Tom O’Carroll, o líder da “Troca de Informações Pedófilas” (PIE- Pedophile Information Exchange), estava cobrindo a Inglaterra num tour de relações públicas, promovendo o sexo com crianças em seu caminho até a conferência de Swansea. Toda a Inglaterra estava em alvoroço por causa das reportagens diárias da imprensa descrevendo os objetivos da PIE e de O’Carrol.
Foi relatado que a PIE especializava-se em fornecer listas de lugares onde pedófilos pudessem localizar e seduzir crianças. Os funcionários responsáveis pela cozinha e limpeza da Universidade de Swansea entraram em greve quando souberam que O’Carroll falaria da tribuna da universidade onde trabalhavam.
Todos os participantes internacionais foram solicitados a assinar uma petição exigindo que O’Carroll falasse e que nossas camas fossem feitas. Eu fui a única a não assinar a petição. Finalmente, o presidente da Universidade de Swansea considerou que O’Carroll não tinha credenciais para falar...
Eu me perguntava: “Como?”, “por quê?” os funcionários de serviços domésticos puderam combativamente proteger os seus filhos, enquanto acadêmicos treinados permaneceram apáticos, até mesmo simpáticos a esse pedófilo, O’Carroll.
Com O’Carroll já fora do País de Gales, eu estava saindo para pegar o trem com destino a Londres, quando um psicólogo canadense discretamente me chamou de lado. Ele disse que, evidentemente, eu estava certa. Mas se eu estava procurando a causa para a epidemia global de abusos sexuais contra crianças, ele me disse para não deixar de ler a respeito de Alfred Kinsey no The Sex Researchers [Os Pesquisadores do Sexo], de autoria de Edward Brecher. “Por quê?”, perguntei. “Eu trabalhei com Kinsey e Pomeroy”, disse ele. “Um era pedófilo e o outro, um homossexual”.
Seguindo a sugestão do psicólogo canadense, assim que cheguei aos Estados Unidos li o livro de Edward Brecher, The Sex Researchers. Na época, eu não estava certa sobre o quê me deixou mais estonteada, se o uso que Kinsey fez de crianças em experimentos sexuais, ou o fato de que Brecher aceitava o seu uso como metodologia de pesquisa.
Atônita, eu me voltei ao livro original de Kinsey para checar Brecher. Sim, ele estava citando Kinsey com acurácia. Agora eu finalmente sabia que havia uma autoridade fonte para que as crianças fossem crescentemente vistas sexualmente; para mim, pessoalmente, a pergunta de anos atrás estava respondida.
Em 1981, eu estava em meu escritório sobre o topo de uma montanha, na Universidade de Haifa, em Israel, olhando 'Exemplos de orgasmos múltiplos em pré-adolescentes masculinos', a Tabela 34 da obra de Kinsey. Tinha checado todas as citações e referências de Kinsey na biblioteca, mas em nenhum lugar havia qualquer menção a dados sobre abusos de crianças (...) em nenhum lugar havia qualquer crítica a essas tabelas e gráficos. Eu estava começando a aceitar o fato de que milhares de cientistas internacionais que estudaram Kinsey nunca viram o que estava bem diante de seus olhos.
Em março de 1981 recebi uma resposta à carta que enviei ao co-autor do livro de Kinsey, Dr. Paul Gebhard, que sucedeu Kinsey como diretor do Instituto Kinsey, escreveu-me dizendo que os dados sobre crianças nas tabelas de Kinsey foram obtidos de pais, professores e de homossexuais que gostavam de garotinhos, e que alguns dos homens usaram “técnicas manuais e orais” para catalogar quantos “orgasmos” criancinhas e crianças mais velhas poderiam produzir num determinado período de tempo.
Armada com a carta e as admissões de Gebhard, em 23 de junho de 1981, criei um alvoroço em Jerusalém, por ocasião do V Congresso Mundial de Sexologia, onde proferi uma palestra sobre o Dr. Kinsey e os dados sobre crianças.

Eu estava confiante de que meus colegas sexólogos ficariam tão ultrajados quanto eu diante dessas tabelas e dados que descreviam a dependência de Kinsey em pedófilos como seus experimentadores sexuais infantis.

Talvez o pior de tudo para mim, como estudiosa e mãe, estava nas páginas 160 e 161, onde Kinsey afirmava que os dados vinham de “entrevistas”. Como é que ele pôde dizer que 196 crianças pequenas – algumas com apenas 2 meses de idade – desfrutaram de “desmaios”, “gritos”, “choro” e “convulsão” e ainda dizer que essas reações das crianças eram provas de seu prazer sexual e “clímax”? Eu disse que eram provas de terror, dor, bem como de crimes.

Um de nós dois estava muito, muito confuso.
(Reduzido do original que pode ser visto em midia@mais)

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