quarta-feira, 3 de junho de 2009

O COLAPSO MUNDIAL E O BRASIL

Por Marcos Coimbra

Escrevemos neste espaço recentemente dois artigos com este título, enfatizando os aspectos econômicos do tema. Como de um modo geral os analistas não abordam as repercussões do colapso nas demais expressões
do Poder Nacional, analisaremos a seguir estes aspectos, realçando que não são apenas provocados pelo "tsunami", porém são muito influenciados por ele.

Diagnosticamos:

1 - Agravamento da deterioração das Instituições Nacionais;

2 - Executivo aparelhado partidariamente, com a máquina empenhada em alcançar a perpetuação no poder em 2010. Não há um projeto nacional de desenvolvimento, mas sim um projeto de poder;

3 - Legislativo inteiramente cooptado, incapaz de exercer suas unções, sem perspectiva de reversão do quadro, em especial devido principalmente às medidas provisórias;

4 - Judiciário acuado com a criação do Conselho Nacional de Justiça, com conflitos permanentes entre seus diversos segmentos e até com relação aos membros do Supremo Tribunal Federal (STF);

5 - Corrupção endêmica alcançando praticamente todos os segmentos;

6 - Ausência de um candidato de oposição verdadeira aos ditames do Foro de São Paulo;

7- Política externa lesiva aos interesses nacionais, incapaz de defender os Objetivos Nacionais Permanentes, refém da tendência de criação da União das Repúblicas Socialistas da América Latina (Ursal)no continente;

8 - Saúde pública sem integração das três esferas de administração, com superposição de funções, incapaz de atender às necessidades do povo e com privatização crescente porém ineficaz e com altos custos;

9 - Falência na educação pública, incapaz de formação do capital humano necessário para enfrentar os desafios indispensáveis ao aproveitamento de eventuais oportunidades propiciadas pela crise mundial;

10 - Segurança pública caótica, com criação do embrião de uma "guarda nacional", sem a necessária articulação entre os inúmeros segmentos que deveriam prover as carências existentes;

11- Falta de controle sobre a atuação das diversas ONGs, especialmente estrangeiras, disseminadas pelo país, que substituem progressivamente a ação do Estado;

12- Ameaça de "balcanização" do país, com a criação de "quistos indígenas" e adoção de medidas racialistas, promotoras da desintegração da coesão social ainda existente. Inclusive, durante as comemorações do Dia do Índio em Roraima, alguns indígenas portavam bandeira própria;

13- Enfraquecimento deliberado das Forças Armadas, em especial nos últimos 15 anos, com evidente prejuízo do cumprimento de suas funções constitucionais;

14- Imposição de uma Estratégia Nacional de Defesa, sem a existência anterior de uma Política de Segurança Nacional e a devida oitiva dos profissionais da área;

15- Insuficiente aporte de investimentos em pesquisa pura e/ou aplicada, tornando o país cada vez mais dependente da tecnologia externa;

16- Meios de comunicação altamente comprometidos com a prática "gramscista" de tentativa de estabelecimento do pensamento único e dependentes das verbas de publicidade de órgãos governamentais e grandes grupos empresariais;

17- Acomodação das forças vivas da Nação, caracterizando um grave processo de anomia. Por exemplo, há quatro meses, índios da etnia tikuna têm sua própria delegacia para combater o crime na aldeia Umariaçu, a 1.105 km de Manaus. As armas usadas pelos "policiais" indígenas são palmatória, chicotes e cassetetes. Eles usam fardamento com logotipo de dois cassetetes e um facão do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), design e nome criados por eles mesmos. Os detidos são levados a uma prisão de 1,5 metro quadrado.

O dirigente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Sateré, foi a Tabatinga (AM) para reunir-se com pajés da aldeia Umariaçu. Quais as perspectivas de reversão deste dantesco quadro?

O próprio Lula elogia a existência de dois candidatos (Dilma e Serra) que representam em essência a continuidade deste perverso processo. Os outros apontados (Aécio, Ciro etc.) também são representantes do sistema no poder. Não há um candidato sequer de oposição real capaz de impedir a continuidade da desagregação da Nação brasileira, da entrega de nosso território e recursos naturais a alienígenas e da prioridade aos rentistas ao invés do estímulo ao setor produtivo.

O Estado deve ser eficiente e eficaz. Nem mínimo, nem máximo. O mais importante é o surgimento de um candidato viável capaz de elaborar um Plano Nacional de Desenvolvimento, contendo políticas e estratégias
bem definidas, vinculadas a prazos, orçamentos e órgãos responsáveis, com cuidadosa implementação por técnicos competentes.

Marcos Coimbra é Conselheiro diretor do Cebres, professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano.

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