terça-feira, 8 de setembro de 2009

O DIÁLOGO INTERAMERICANO E AS ELEIÇÕES DE 2010

O DIÁLOGO INTERAMERICANO E AS ELEIÇÕES DE 2010

Prof. Marcos Coimbra

Conselheiro Diretor do CEBRES, Professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano

Há muito tempo, mais precisamente desde 1999, escrevemos neste espaço sobre o Diálogo Interamericano e sua influência sobre o Brasil. Em artigo publicado em 28.11.2002 no Monitor Mercantil, intitulado “O Diálogo Interamericano e FHC”, escrevemos:

“O Diálogo Interamericano (DI) foi fundado em 1982, por iniciativa do banqueiro David Rockefeller. Seu endereço é 1211 Connecticut Avenue, Suite 510, Washington, DC 20036, tel. (202) 822-9002, Fax (202) 822-9553, site: iad@thedialogue.org. É composto por cidadãos oriundos dos EUA, Canadá, México, América do Sul e Caribe. Seus dois objetivos principais são: a) propiciar um significativo canal não governamental de comunicação entre líderes das Américas; b) providenciar análise substancial e propostas de políticas específicas, com o objetivo de resolver problemas regionais cruciais. Tudo isto dentro do receituário neoliberal, preconizando o fortalecimento das entidades de direitos humanos, o enfraquecimento das Forças Armadas, a necessidade de garantir o pagamento das dívidas externas e privatização de empresas estatais para abater dívidas e a questão das drogas, em especial no que afeta ao Poder Nacional dos EUA.

Suas principais fontes de financiamento são as Fundações Ford, MacArthur, a corporação Carnegie, American Airlines, Banco Itau, Bank America, Bank Boston, Chase Manhattan Foundation, General Eletric, Texaco, Time Warner, Trans-Brasil Airlines, USAID, BID, Xerox, Banco Mundial e outras. No ano de 1988, houve uma reunião ampla, já acrescida de novos membros, em Washington, quando então foram acordadas as políticas e estratégias a serem adotadas para domínio da América Latina e do Caribe, de onde surgiu a expressão “Consenso de Washington”, porém do qual resultou , por escrito, apenas um documento modesto, informando sua realização, sem entrar em pormenores, em função da gravidade dos assuntos tratados e da necessidade de sigilo”.

Infelizmente, apesar de todas estas evidências, a maioria do povo brasileiro desconhece o assunto e até intelectuais de porte ainda resistem em reconhecer o problema, classificando-o como integrante da “teoria da conspiração”. Ora, basta acessar a página do DI para verificar a autenticidade do aqui exposto. Na realidade, o Diálogo foi oriundo do Centro Woodrow Wilson, bem como é estreitamente ligado ao Council on Foreign Relations que exerce profunda influência sobre o Departamento de Estado dos EUA e de onde é proveniente o Embaixador Luis Felipe Lampreia, que foi ministro das Relações Exteriores de FHC e é atual presidente do CEBRI (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), o qual patrocinou em conjunto com o Viva Rio e o Center on International Cooperation, encontros sobre “Transformações nos Arranjos Multilaterais de Segurança”, que tiveram a participação ativa do Sr. Marco Aurélio Garcia, eminência parda da “política externa” brasileira.

Na expressão econômica, no período FHC, quem comandou o Bacen foi o Sr. Armínio Fraga, que foi operador do megaespeculador Sr. Geore Soros. Agora, é o ex-presidente do Bank Boston, Sr. Henrique Meirelles, também integrante do DI, sendo assim ambos intimamente ligados a Walt Street. Um documento importante elaborado pelo DI foi “Los militares y la Democracia: El futuro de las Relaciones Civico-Militares em América Latina”, bem como o feito pelo Departamento de Estado, “Freedom From War (documento nº 7277), ambos na linha de preparação da implantação de um Governo Mundial, com a recomendação de medidas para limitar a ação das Forças Armadas de todos os países à manutenção da ordem interna e de combate aos narcotraficantes e apoiar as forças de paz da ONU. Outras iniciativas como a proibição da fabricação de armamento exceto aqueles destinados ao uso pela ONU, em especial de ordem nuclear, destruição de todos os demais armamentos, desarmamento da população civil e submissão a todas as iniciativas da ONU, também estão no mesmo contexto.

Não é por acaso que no final de julho a candidata à presidência da República Sra. Dilma Roussef participou em Washington do Fórum dos CEOs (diretores-gerais), o qual reuniu 20 dos maiores empresários brasileiros e norte-americanos, tendo sido inclusive recebida pelo Presidente Obama. Uma das eminências pardas do encontro , nem sempre citado no noticiário, mas sempre presente em todos os fóruns de poder global, foi justamente o presidente do DI Sr. Peter Hakim. A fachada do encontro foi estimular a parceria entre governo e setor privado do Brasil e dos Estados Unidos, por meio de projetos e revisão de regras que interfiram na ampliação do fluxo comercial entre dois países, porém seu objetivo principal foi a ação de representantes dos clubes de poder global em torno da sua candidatura presidencial em 2010. São ainda notórias as ligações dos também candidatos à presidência da República, Srs. José Serra e Aécio Neves, a este esquema de poder global da oligarquia financeira transnacional.

Ora, os vastos recursos naturais possuídos pelo Brasil são fruto da ambição dos principais países do mundo, sendo muito importantes no momento atual, em que o mundo atravessa uma das mais sérias crises não só no campo econômico-financeiro, como também de ordem política, psicossocial, militar e científico-tecnológico. Não é coincidência o sucateamento das Forças Armadas, a desmoralização das principais Instituições Nacionais, a ausência de um Plano Nacional de Desenvolvimento, o estímulo ao surgimento de óbices à coesão social, caracterizados pela demarcação contínua de terras indígenas em regiões ricas em minerais estratégicos, com o surgimento de “enclaves territoriais”, o surgimento de movimentos quilombolas em áreas estratégicas, o progressivo abandono dos Objetivos Nacionais Permanentes, a entrega da Amazônia e a implantação de uma ditadura constitucional no país, de caráter populista.

Resulta então que a Nação não possui sequer um candidato viável para as eleições presidenciais de 2010, comprometido com os interesses nacionais vitais. Cabe às forças vivas do país procurar a solução para esta dramática situação.



Endereço eletrônico: mcoimbra@antares.com.br

3 comentários:

  1. Quer dizer que tanto a candidata Dilma como o serra estão sendo ajudados pelos mesmos interessados? Quanto sandice!!!!

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  2. infelizmente só vamos conseguir salvar o Brasil e termos independencia economica e financeira quando o povo se conscientizar.
    por enquanto vamos decidir hoje entre o pessimo e a ruim.

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  3. Infelizmente, o Prof. Coimbra tem toda a razão. Não existe polaridade política entre os 2 candidatos. A bancada do governo é praticamente a mesma nos 2 casos, o projeto hegemônico neoliberal é estritamente o mesmo (daí a ausência de uma dialética essencial entre os 2 projetos evidente nos debates presidenciais "insossos"). Na verdade as frações burguesas mais internacionalizadas do Brasil funcionam como um instrumento das elites internacionais para a extorsão permanente de capitais como em um regime colonial. Isso, com a total anuência dos subalternos. O Brasil, assim como o restante dos países da América Latina, são sociedades funcionais ao movimento do capital imperialista fornecendo-os matéria prima e produtos semi-manufaturados em troca da adoção incondicional às "fórmulas neoliberais", incluindo-se a acepção da orientação externa da dita eclosão de uma "sociedade do conhecimento". O resultado é o aprofundamento da dependência política, econômica, cultural, de segurança, etc.

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