sábado, 5 de fevereiro de 2011

AUTORITARISMO E DEMOCRACIA

Por Arlindo Montenegro

Getulio Vargas, o baixinho gaúcho que foi ditador, foi eleito, mandou os soldados brasileiros para II Guerra, em defesa da "democracia" contra o "nazismo", (os pracinhas ainda vivos nem são mais lembrados...), Getulio que nem participou da divisão do mundo no pós guerra, que resistiu às mentiras de consultores norte-americanos negando a existência de petróleo lá no recôncavo baiano, Getulio que sujou as mãos com o óleo, cunhando a frase: "O petróleo é nosso!", também nos legou a Consolidação das Leis Trabalhistas, copiadas da Itália fascista.

Nem quero entrar na discussão se o fascismo, naquele tempo, naquelas condições, naquele mundo, cujos interesses em jogo ninguém lembra mais, era uma forma de governo boa para os italianos. As poses de Mussolini, Hitler, Hiroito e Stalin, mesmo de Getulio fardado, nas fotos, são muito semelhantes. O fato é que as leis copiadas, abriram espaço para as manifestações trabalhistas, dentro de uma estrutura controlada de sindicatos, federações e confederações, que marcaram a história, até que um sindicalista foi eleito presidente.

Daí por diante, os líderes profissionais do sindicalismo passaram a ocupar cargos distintos e muito bem remunerados no aparato estatal e os remanescentes passaram a obedecer as diretrizes do Planalto, do Foro de São Paulo e do PT, para fortalecer a mística do presidente operário na construção do socialismo. Hoje o salário mínimo, decretado – despreza a Lei Constitucional: "suficiente par atender as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas". Mal e porcamente atende a sobrevivência de uma pessoa. Só uma cesta básica custa mais da metade.

Quase nenhuma empresa privada, se quiser contar com pessoas comprometidas com o trabalho, contrata alguém pelo salário mínimo oficial. Mas os valores, dizem fixados pelo governo, dizem que atendem à demanda das prefeituras, que quebrariam se pagassem salários maiores. E por que então não repassar uma parte dos salários gigantescos de senadores, deputados, assessores, vereadores, prefeitos... Por que não ajustar esta gente à realidade econômica do pais pendurado ao FMI e rede bancária internacional?

A midia fala de "queda de braço entre governo e centrais sindicais", misturando o salário de 545 Reais com correção da tabela do Imposto de Renda nas "negociações". O presidente da força sindical, reclama que no governo anterior o presidente "sempre estava do lado do trabalhador". (Só pode ser gozação!) Ou o cara é ingênuo, ou as cartas estão marcadas. Fosse em outros tempos, era a mobilização, a greve, a CUT querendo superar a presença política da Força Sindical "contra os patrões e gorilas"...estas coisas.

Os ministros do trabalho e da grana, são claros: os critérios do governo não têm nada a ver com o que diz a constituição, nem com a indigência da maioria dos trabalhadores. Em primeiro lugar está o pagamento dos juros da dívida externa e interna, critério econômico, papagaios do estado com o FMI e banqueiros nacionais e estrangeiros, tudo a mesma coisa. Para aliviar a barra, tem aí o bolsa familia. Argumento prá lá e prá cá, fica o dito pelo não dito. Quem manda mesmo é o FMI, a ONU, o G-20... o verdadeiro governo mundial.
Manuel Hinds, é um Engenheiro Industrial que ocupou o Ministério da Fazenda de El Salvador, várias vezes. É autor de "The Triumph of de Flexible Society" , (Edições Praeger, 2003). "O Triunfo da Sociedade Flexível", defende que a esquerda radical, tanto quanto a direita, não são ameaçadoras por serem "direita" ou "esquerda". As diferenças características estão na forma da estrutura social fundada no interesse da liberdade individual ou no coletivismo.

"Os regimes destrutivos estão organizados em estruturas verticais e o autoritarismo flui de cima para baixo. Os regimes construtivos estão organizados de modo horizontal, com relações de igual para igual, em liberdade. (...) O nazismo frequentemente associado à extrema direita (estava organizado) como a esquerda comunista soviética e não como os regimes democráticos do capitalismo americano."

"Do mesmo modo, a Suécia, associada com a esquerda, tem mais a ver com os regimes capitalistas ocidentais que com autoritarismo soviético". Assim o fato determinante não é o carimbo de "esquerda" ou "direita". A semelhança estava na estrutura vertical e autoritária tanto do nazismo, como do comunismo. Ou da estrutura autoritária que sempre esteve presente no Brasil e agora se acentua com as imposições ideológicas importadas e interesses do "governo mundial".

Este modelo de regime vertical e autoritário não respeita os direitos individuais, impõe, dita, decreta, em desrespeito flagrante ao relacionamento democrático e a liberdade. Hinds comenta ainda que o autoritarismo tem formas "muito torcidas para tomar o poder, fazendo que muita gente nem perceba, até quando ja não é mais possível detê-lo".

A forma que estamos conhecendo é a da corrupção, isto é, "o uso do poder político para ter acesso ao poder econômico e o uso deste para reforçar o poder político." Este é um velho modelo conhecido e praticado históricamente no Brasil.

Assim, o salário mínimo, o curriculo escolar, as mudanças culturais, são impostas de modo tirânico, nos moldes ideológicos importados. Num país onde a "oposição" está comprada, o caminho está aberto para o governo mundial. Para a escravidão sem defesas. Ou os brasileiros são informados e começam a reagir, ou o caos será o próximo passo.

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