quarta-feira, 27 de julho de 2011

ESPECULAÇÃO SOBRE ENGANOS

Por Arlindo Montenegro

O ar que respiramos é imprescindível. Oxigeniza o sangue que circula no sistema vascular, carregando o organismo com a energia vital. Se aprendêssemos desde a infância a respirar corretamente, a praticar exercícios específicos de respiração e meditação, talvez o pensamento e a ação fossem propícios para a geração de resultados mais próximos da utópica “civilização”.
 
Nos fatos mitificados e comportamentos expostos nas pinturas rupestres que documentam costumes remotos, revelam-se as tendências humanas à imoralidade e prática dos atos mais sórdidos para submeter e dominar, escravizar uns aos outros. Reis e condutores de hordas, tidos como filhos de deuses ou ungidos pela divindade com poderes supra mortais, tentaram unificar hordas humanas, até chegarmos às formas atuais de governo. É notável como sempre foram preservados, protegidos os instintos mais selvagens.
 
Os códigos e leis atestam-no claramente. Os condutores de homens na antiguidade, como os líderes de nações e chefes de estado na era moderna, buscam preservar o próprio bem estar e segurança para manter-se na crista do poder. Que se pode dizer destes costumes que se denominam civilizados, que espelham a barbárie e a paixão irracional tão distanciadas de condutas morais, coerentes, justas, elevadas?

 
As leis e os comportamentos éticos, a responsabilidade que as gentes esperam estar presentes nas relações sociais, são absolutamente desprezadas pelos que ocupam os mais altos cargos. Desprezadas pelos que deveriam dar exemplo de superioridade, honestidade, probidade e estrita obediência à lei. A gente comum recebe o contra exemplo entranhado nas ações do poder quee corrompe a nação. Os homens são treinados para a luta de classes e a competitividade permanente, afastando-se do bem estar físico e mental, da confiança e da auto estima que a liberdade responsável proporciona. Sem isto a tranqüilidade espiritual fenece.

 
Diante de tais realidades, a mente em busca de respostas e concepções espirituais, tende a flutuar entre a lucidez e a fantasia mítica. A busca do bem estar é estimulada por carradas de fórmulas mágicas – auto ajuda com sugestões que nada valem na prática ou a crença em guias que proclamam auto poderes para expulsar demônios e curar doenças em nome de uma divindade, arrastando grupos ao fanatismo, acenando alguns com o fim do mundo, com data marcada! O mundo continua e os profetas iluminados se desculpam, dizendo ter errado na data da “revelação”.

 
Muitos guias exemplares se crêem de fato imortais benditos, imaginam e proclamam ter renunciado à personalidade para servir à divindade. Dizem ter renunciado às faculdades intelectuais e à razão, dedicando-se exclusivamente à vida espiritual de onde emanam todas as prebendas materiais para uma vida sem responsabilidades impostas e desagradáveis, nem mesmo aquelas da responsabilidade familiar, nem mesmo da gentileza com os que não são seus seguidores, todos expostos à posse demoníaca de que se livrarão apenas com sua interferência, em nome da entidade a que servem e representam. Tratam de amesquinhar e ridicularizar a fé e os símbolos prezados e presentes no coração de cada pessoa.

 
No plano espiritual político da nação, os guias também figuram como servidores da sociedade e proclamam que todas as mazelas terão fim, se os comuns seguirem a cartilha socialista...

 
Ainda restam ilhas de vida tranqüila, sem a presença de rancores e luta de classes, sem os sentimentos de medo, ódio e vingança que a insegurança existencial revela na prática dos vícios e atos desesperados, resultado das ações de governos que perpetuam as dificuldades, preocupações e limites à liberdade individual, controlando pensamentos, palavras e ações. Indivíduos e famílias sentem-se emparedados em espaços cada dia mais restritos.

 
É o que quer o governo da maioria de ignorantes e bárbaros, cujos valores se resumem à riqueza e poder. Para estes, como para os guias espirituais fanáticos, o objetivo é eliminar a razão e argumentação, os desejos e escolhas individuais. As armas que usam são os exércitos humanos ou os exércitos de demônios. As poucas ilhas que resistem na fé e no respeito à vida, no respeito aos semelhantes em atitude cooperativa e ajuda mutua, persistem. São sementes do melhor sonho de humanidade atenta aos valores naturais mais elevados. São os milagres dos dias correntes.

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