segunda-feira, 8 de junho de 2015

A VIDA SECRETA DE FIDEL CASTRO

Por María Anastasia O´Grady


Durante 17 anos, Juan Reinaldo Sánchez foi um dos especialistas de segurança de Cuba, integrando a equipe de elite encarregada de proteger a vida e privacidade de Fidel Castro. Mas em 1994, sua lealdade vacilou. Uma filha de Juan já vivia fora de Cuba, quando  um de seus irmãos subiu numa balsa e fugiu para a Flórica. Fidel Castro o despediu.

Sánchez foi preso e torturado durante dois anos. Em 2008, desertou para os Estados Unidos. Foi o único membro da escolta pessoal do líder máximo a fugir da ilha. Morreu no mês passado, depois de publicar nos Estados Unidos a versão do seu livro "A Vida Oculta de Fidel Castro", publicado na Espanha em 2014. A causa da morte foi divulgada como câncer no pulmão. Há quem pergunte se o longo braço da ditadura o alcançou, para vingar-se pelas revelações sobre seu ex chefe.

A lenda do grande revolucionário que se sacrifica por seu povo, oculta detalhes de sua vida como segredo de estado. O livro de Sanchéz mostra o verdadeiro Castro: vingativo, introvertido e inclinado a humores infantis, conhecidos como "tormentas tropicais".  A melhor forma de conviver com ele "era aceitar tudo quanto dizia e fazia".

A publicação deste livro em inglês, chega no momento em que o governo de Barack Obama retira Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo. Os exilados criticam e suas preocupações são sensatas. Mesmo com os rumores de que a saúde mental de Castro se deteriorou, o aparelho de inteligência que ele construiu, especializado em violência para desestabilizar a democracia, o tráfico de drogas e armas, continuam como há meio século.

Sanchez foi testemunha pessoal da indiferença de Castro para a pobreza humana. Seus intermináveis discursos pediam o sacrifício revolucionário, mas ele vivia luxuosamente: tinha uma ilha privada, iate, cerca de 20 casas espalhadas pela ilha, um chefe de cozinha pessoal, um médico em tempo integral e uma dieta cuidadosamente selecionada e preparada.

Quando uma empresa canadense ofereceu a construção de um centro desportivo moderno para o país, Castro usou a doação para construir uma quadra de basquete privada. Para qualquer parte do mundo que viajasse, sua cama era desmontada e enviada com anterioridade, para garantir a comodidade que ele exigia. Sua obsessão era exportar a revolução.

No local conhecido como "Ponto Zero de Guanabo" formaram-se guerrilheiros de todo o mundo. Recrutas de lugares como a Venezuela, Colômbia, Chile e Nicarágua aprendiam a sequestrar aviões e utilizar explosivos. O Chile de Salvador Allende, nos anos 70, "era o país em que a influência cubana havia penetrado com maior profundidade. Fidel dedicou para aquele país um enorme esforço e grandes recursos", infiltrando operacionais de inteligência cubana. Sanchez soube, através de Manuel Piñeiro, conhecido chefe dos espiões revolucionários de Castro, que "estava sempre rondando perto do Palácio Presidencial.

O regime cubano "penetrou e infiltrou o séquito de Allende" para criar "um aliado incondicional". Miguel Enríquez, líder do Movimento de Esquerda Revolucionário (MIR), junto com Andrés Pascal Allende, co fundador do movimento radical e sobrinho de Allende, "eram protegidos de Castro e treinaram em Cuba". Beatriz, filha de Allende era casada com um diplomata cubano e foi quem persuadiu o pai a despedir a guarda presidencial e substituí-la por "militantes da esquerda" e agentes cubanos.

Depois da queda de Allende, o treinamento de chilenos em Cuba continuou. Um deles foi Juan Gutiérrez Fischmann, que era buscado pela Interpol por sua participação no assassinato do senador chileno Jaime Guzmán. Um dia, em 1988, enquanto Sánchez guardava à porta do escritório de Castro, o comandante ordenou que a rotina de segurança fosse rompida e a reunião com o Ministro do Interior não fosse gravada. A reunião secreta demorava muito e Castro não abria a porta para pedir o uísque, como era costume.

Sánchez colocou os fones do gravador e ouviu que os dois homens discutiam uma "enorme transação de tráfico de drogas que se desenvolvia nos mais altos níveis do estado". Foi naquele momento que a venda caiu dos seus olhos, revelou Sánchez numa entrevista em Outubro de 2014. (*)


(*) Nota do tradutor: a entrevista referida pode ser acessada no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=3GiDrJzIxag

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